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Origem do nome da festividade A festa de Shavuot (que cai no
dia 6 de Sivan), constitui a segunda das três Festividades de Peregrinação
(Shalosh Regalim): Pessach, Shavuot e Sucot. De acordo com o preceito bíblico, todo o judeu devia apresentar-se
no Beit Hamikdash (o Grande Templo de Jerusalém) para comemorar a festa,
oferecer sacrifícios e oblações e alegrar-se diante de D-us com todo o Povo de
Israel. Esta festividade é conhecida
pelos seguintes nomes: Chag HaShavuot (Festa
das semanas): recebe este nome pelo facto de se celebrar no final das sete
semanas de Sefirat HaOmer, cuja conta começamos a partir da segunda noite de
Pessach. Zeman Matan
Toratenu (Época da entrega da nossa Torá): no sexto dia dia do
mês de Sivan do ano 2448, D-us deu-nos a Torá no Monte Sinai. Chag Hakatsir (Festa
da colheita): na Terra de Israel, esta era a época de recolecção, especialmente
do trigo. As primeiras oferendas
da nova colheita faziam-se sob a forma de dois pães de trigo (Shete HaLechem). Chag HaBikurim (Festa
das Primícias): a festa de Shavuot, marcava o início da época para oferendar os
“primeiros frutos” (Bikurim). Atzeret
(Conclusão): nas fontes rabínicas, Shavuot menciona-se como “Conclusão”, os
Sábios consideram-na ligada à Festa de Pessach, isto é, que Shavuot é a
finalização, desde o ponto de vista histórico, da nossa “Festa da Liberdade”. Costumes da Festa
Em Shavuot regem as mesmas leis
de Yom Tov. Um dos costumes mais
difundidos desta festa é adornar as sinagogas com flores, plantas e frutos, em
recordação da entrega da Torá no Monte Sinai, que estava rodeado de vegetação e
também em recordação a que “D-us julga neste dia o destino dos frutos”, como
sustêm os nossos Sábios no Tratado de Rosh Hashaná. Costuma-se estudar a Torá
durante todo a noite de Shavuot, isto é, o Tikun Leil Shavuot”, composto de
selecções da Torá, dos Profetas, da Mishná, Talmud e Zohar, para emendar desta
forma o descuido de muitos dos nossos antepassados, que se foram a dormir em
vésperas do recebimento da Torá e deviam estar despertos por Moshé Rabenu. Muitos costumam comer produtos
lácteos e mel, em recordação do versículo que referindo-se às qualidades da
Torá, diz: “Come leite e mel baixo a tua língua”. Nalgumas comunidades costuma-se
recitar Meguilat Rute (O Livro de Rute), já que Rute simboliza o verdadeiro
recebimento da Torá, como vem expresso no mesmo livro: “O teu povo será o meu
povo, o Teu D-us será o meu D-us, apenas a morte nos separará”. Shavuot: a entrega da Torá
O Grão e sábio Rambam (Maimónides),
comenta nos preceitos sobre os “Fundamentos da Torá”, no respeitante à cena do
Monte Sinai e a entrega da Torá: “Os Filhos de Israel não
acreditaram em Moshé Rabeinu pelos milagres e sinais que fez, pois todo aquele
que acredita em milagres fica com dúvidas, já que pode alegar que foram
realizados por intermédio de bruxarias ou feitiços. Então em que
acreditaram? Na cena do Monte
Sinai que os nossos olhos viram e não os estranhos; e nossos ouvidos o escutaram
e não outros, vimos e escutamos o fogo, as vozes, o som do Shofar e a voz de
D-us”. Há quem pensa que o judaísmo
está baseado numa fé mas na realidade, a nossa base é o conhecimento directo da
Divindade, o qual o alcançamos por intermédio da revelação colectiva: não é uma
fé em milagres, senão uma revelação profética directa. Ao ter-se recebido a Torá
directamente e numa revelação massiva, se D-us quisesse anulá-la, precisava
fazê-lo por meio de uma revelação paralela à do Monte Sinai e não por meio de
um profeta. Até certo ponto a Torá
não abarca a ideia de um só homem, que ainda que aparecesse alguém alegando que
D-us se lhe revelou, e inclusivé realizara milagres, se tentasse mudar qualquer
detalhe da Torá seria condenado por falso profeta. O Todopoderoso, através da
entrega da Torá no Monte Sinai, quis deixar bem assente a base da nossa
realidade existencial; no Monte Sinai criou-se uma comunicação directa para
alcançar a verdade absoluta. Na verdade, o ser humano possui
dois elementos para poder perceber a Divindade: O mundo natural e sua
programação, que declaram e anunciam o Criador, pois não pode existir uma
programação sem um programador, tal como está escrito nos Salmos: “Quão
maravilhosas são as tuas obras, D-us!
Assim como um fato testemunha sobre o alfaiate que o confeccionou e o quadro
sobre o artista que o pintou, desta maneira a Natureza testemunha sobre o
Criador. A reflexão do homem em si mesmo
( “Desde o meu interior contemplo D-us” ), pois a Sua imagem e semelhança fomos
criados. O mundo natural, como dissemos,
é o testemunho da existência do seu criador, como bem o salienta o profeta Yeshayahu
(Isaías), quando reprovou o
povo judeu: “As obras das minhas mãos não viram”. O profeta referiu-se àqueles que
não são capazes de apreciar a grandeza Divina reflectida na Criação como por
exemplo, maravilhar-nos ao observar em cada molécula com a sua ordem e harmonia
e pela perfeição da sua programação. “Alçai os vossos olhos para as
alturas e podereis ver quem criou isto”- sugere-nos o profeta Isaías- para
ensinar-nos que quem reflecte sobre a natureza reconhece o Criador. Ma o homem nem sempre se rege
pela sua reflexão lógica e objectiva; os interesses pessoais subornam-no e não
o deixam ver a realidade. Mas isso sustém Maimónides que os Filhos de
Israel não acreditaram em Moshé pelos milagres que realizou, já que D-us não
quis que o fundamento da Torá estivesse baseado na nossa lógica humana. Então em que acreditaram? “Na cena do Monte Sinai”, na visão
directa da Divindade, sem intermediários? D-us revelou-se e esta razão não
há lugar para a fé, senão para o conhecimento da verdade na forma
absoluta. Na festa de Shavuot nós dizemos
na Tefilá: “ O tempo da entrega da Torá”, e não “Em recordação do tempo da
entrega da Torá”. Compreendemos
assim que Shavuot não é uma “recordação”, pois a voz de D-us não
cessou. A cena do Monte Sinai palpita dentro de nós como base da identidade judaica e ela é
a que provoca que o judeu não possa esquecer a sua função na Criação. Segundo o pensador judeu Chasdai
Crescas, todo o judaísmo está baseado na cena do Monte sinai e pelo
conseguinte, todos os fundamentos que necessitou para basear a origem Divina da
Torá constituem os princípios básicos do judaísmo. Shavuot é compreensão do tempo
da entrega da Torá, para tomar consciência e ter presente em cada dia este
singular momento histórico. O Livro de Rute
Este livro da Bíblia relata-nos a triste história de Naomí,
mulher de Elimelech, que para evitar a fome que se avizinhava, abandonou o seu
povo com a sua mulher e filhos para radicar-se na terra de Moav. Em Moav, Elimelech encontrou
encontrou a sua morte com a dos seus filhos, Naomí, que reconheceu o castigo de
D-us, decidiu voltar à terra de Israel, rogando às suas noras que voltassem a
suas casas e reconstruíssem as suas vidas. É assim que Orpa decidiu voltar a casa de seus pais, em
troca Rute (a moabita), roga a Naomí que não a abandone: “A onde vás irei; a onde durmas
dormirei: o teu povo será o meu, teu D-us será o meu D-us; onde morras,
morrerei...”. Com entrega e simplicidade,
regressam as doze tribos a Eretz Israel, onde Rute encontrou o pagamento pela
sua bondade: o seu casamento com Boaz, parente de Naomí, originando com
que mais tarde o nascesse o seu
bisneto David, Rei de Israel. Muitas foram as razões que
levaram os nossos Sábios a relacionar o livro de Rute com a festa de Shavuot: Rute ensina-nos o verdadeiro
caminho da conversão e do recebimento da Torá. O regresso de Rute e Naomí a
Israel ocorreu na época da colheita. A Torá ensina-nos a exercer a
bondade para com o próximo, tal como fez Rute. Para que se leiam em Shavuot os
três componentes da Bíblia (Tanach), isto é, a leitura tradicional da Torá e os
profetas em Maftir. Devido a que, segundo a
tradição, o Rei David (que como referimos era bisneto de Rute), nasceu e morreu
em Shavuot. Tehilim
(Salmos) Tal como disseram os nossos
Sábios: “Os feitos dos nossos pais são o guia para os filhos”. O amor e a entrega de Rute para
D-us vemo-la reflectida no seu bisneto David HaMelech, com a sua obra poética,
O Sefer Tehilim (O livro dos Salmos), como testemunha o Talmud no Tratado de
Berachot: “Cada vez que o rei David via uma maravilha da Criação, descrevia-a
com um Cântico” (Salmo). O livro de Tehilim é um exemplo
do amor a D-us, tanto nos momentos de alegria como nos de tristeza, como foi
dito: “Devemos bendizer a D-us nos bons tempos como nos maus, pois tudo o que D-us faz para nós, é para nosso bem”. Volver a Festividades |
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