A Torá desde Jerusalém
Parashá Bo
“Vai ao Faraó, pois Eu endureci o seu coração...” (Shemot 10:1)
A parashá desta semana, “Bo”, começa com a explicação do porque é que foram
enviadas dez pragas: “E disse o Eterno a Moshé: Vai ao Faraó, pois Eu endureci
o seu coração e o dos seus servos, para mostrar-lhes as Minhas maravilhas e
para que relates a teu filho...”, ao que devemos perguntar: Todos estes acontecimentos que
ocorreram no Egipto foram necessários apenas para encontrar uma razão para
comentá-los aos filhos?
As dez pragas não foram apenas um cruel castigo para a maldade egípcia, por
ter feito trabalhar forçadamente os nossos antepassados, “befárech” (diversos
comentaristas explicaram esta expressão com diferentes significados mas todos
coincidiram na incorrecta e má intenção dos egípcios) não foi pela falta de
compreensão e dureza do Faraó, senão que depois do frio relato dos
acontecimentos se esconde uma larga lista de mensagens e princípios na
discussão entre O Criador, Moshé e o Faraó.
Numa geração como a nossa , onde os dirigentes não são eleitos pelas suas
atitudes, senão forçam essa mesma eleição; todos nós conhecemos o grande
esforço e o investimento de grandes somas de dinheiro de um candidato nos
USA. Para chegar à presidência,
bem diferente de Moshé que foi eleito para dirigir o Povo de Israel e
desculpou-se com queixas ridículas: “Quem sou eu para ir falar com o
Faraó?” não tenho facilidade para falar, como o povo vai crer em
mim? E se me perguntam quem me
manda, que lhes respondo?, meu irmão Aarón... Qual é a diferença!
No primeiro encontro com o Faraó, Moshé e Aaron dizem-lhe: “Assim disse o
Eterno, D-us de Israel: envia o meu povo e festejar-me-ão no deserto”. Ao que respondeu o Faraó:”Quem é o
Eterno para que eu escute o seu pedido de enviar Israel? Não conheço o Eterno e
tampouco enviarei Israel! Se o
Faraó tivesse conhecido, o Eterno sem dúvida alguma teria enviado o povo. Podemos alguma vez imaginar libertar
seiscentos mil escravos?
A economia egípcia teria caído em flecha, o Faraó estaria disposto a
libertá-los? Mas o que podia fazer
se não conhecia Hashem? Quantos de
nós que conhecemos ou cremos conhecer Hashem, estaríamos dispostos a entregar
toda a nossa riqueza pela petição de um rabino em nome de Hashem?
“Nirpim atem nirpim” São vagos!
Por isso dizem “vamos e sirvamos”. O Faraó sabe o segredo : aumentemos o trabalho! Contra o pensamento, o trabalho! Ocupar o tempo a trabalhar para que não
possam aplicá-lo a pensar. O Faraó
moderno mudou a estratégia: o trabalho, mudou-o por ócio, passatempos, matar o
tempo, palhaços , jogos electrónicos, etc. Que incrível!
Hoje em dia trabalha-se menos horas, dispomos de mais meios para nos
facilitar as tarefas: máquinas de lavar roupa, secadoras, ferros de passar
cozinhas eléctricas, microondas... e entretanto cada vez dispomos de menos
tempo para pensar.
“Envia o meu povo e me servirão!”.
Moshé não pede ao Faraó para deixar sair o povo, como
perversa e intencionalmente foi traduzido por determinados intérpretes e muito
menos sem especificar a razão da petição.
O Talmud comenta-nos que todo o parágrafo da Torá que não foi cortado
nenhum costume, está proibido cortá-lo pois parágrafo pode mudar o seu
significado. O direito de pedir a
liberdade do povo de Israel contra o costume da época justifica-se somente pelo
motivo: “para servir-Me”. Toda a
razão da existência do povo judeu, está nela. “Lo mirubechem bachar bachem” não porque sois muitos
vos elegi, disse o Criador. O povo
de Israel foi eleito somente para cumprir a sua missão: Ser a luz dos
povos! E dificilmente poderemos
cumprir esta obrigação enquanto queiramos ser um pobre espelho de outros povos,
copiando as suas culturas e costumes, abandonando o maravilhoso tesouro que
recebemos no monte Sinai e que enriqueceram os nossos Sábios ao longo das
gerações com os seus conselhos e ensinamentos, todas elas baseadas na Lei Oral.
Shabat Shalom
Rab. Shlomó Wahnón
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