“Aquele que entrou no censo... dará oferta ao Eterno”
(Shemot 30:11)
“Quando fizeres o censo dos filhos de Israel...”, assim começa a parashá
desta semana, alertando-nos para obrigação de expiar todo aquele que é contado. Podemos perguntar qual foi o pecado que
a pessoa fez para permitir que o incluam no censo? Durante gerações anteriores à saída do Egipto, o
Todopoderoso assegurou aos nossos patriarcas Avraham, Itzchac e Yaacov: “E será
a tua descendência como a areia das praias e as estrelas dos céus em
quantidade”, pois a pessoa quando participa no censo, põe em dúvida a
veracidade da promessa, pelo que terá que expiar a sua alma pelos erros
cometidos.
O grupo composto pelo Povo de Israel está definido pelos seus próprios
limites mas o Povo de Israel está acima de toda e qualquer limitação; assim nos
garante Moshé antes de despedir-se do povo, no livro de Devarim (Deuteronómio)
onde confirma ao Povo de Israel a seguinte promessa Divina: “Quando ascenderes
, ascendereis até aos céus de acima e quando cairdes, caíreis até às
profundezas do abismo”. A esta
afirmação de Moshé, perguntam os nossos Sábios: Porquê Moshé Rabeinu
acrescentou: “quando cairdes, caireis até às profundezas...”, como fazendo
parte das bênçãos com as quais se despediu o povo? A isto respondem; na verdade há maldições que são bênçãos e
esta é uma delas, pois a pessoa que tomou conhecimento que o perigo que
enfrenta é limitado, também o seu temor ao perigo é limitado, e quando ele se
aproxima de um precipício o seu temor aumenta mas a probabilidade de cair
torna-o mais insignificante.
Diz o Talmud a respeito do parágrafo “E enviar-te-ei a bênção Beissemechá”,
pois não há bênção senão em oculto, pelo que, aconselha o Talmud que a pessoa
não deve contar o dinheiro que traz consigo, já que a contínua comprovação
deste acto, demonstra desconfiança na “Hazgachá” (intervenção Divina nas nossas
vidas).
“Todos os que forem recenseados darão meio shekel... O rico não aumentará nem o pobre
diminuirá. Somos todos iguais perante Hashem, nem o rico aumentará nem o pobre
diminuirá. Deste modo a Torá está
a obrigar-nos a que, quando duas pessoas se apresentem perante um juiz, não
deverão estar em posições diferentes mas devem vestir roupas da mesma condição,
para que não se diferenciem perante o juiz.
Foi-nos ordenado por três vezes que entregássemos meio shekel, para a
construção do Tabernáculo, para a compra dos sacrifícios obrigatórios e para
remediar o censo. Três das fases
primordiais na vida espiritual judaica; a construção do Tabernáculo, “Façam-me
um Santuário e habitarei entre vós”, disse o Eterno. Para a construção da Casa todos daremos por igual, o
material não é o essencial, senão a participação do povo e assim da mesma forma
a compra dos sacrifícios obrigatórios, não são os animais o primordial senão a
participação, os animais apenas são os objectos sobre os quais recaem os nossos
sentimentos.
A vida do povo Judeu foi comparada pelos nossos Sábios em muitas ocasiões
com a convivência num barco, onde a harmonia no comportamento de todos os
tripulantes da nave, pode permitir o bom transcurso da navegação. Ninguém pode considerar-se fora da
responsabilidade comum, como também ninguém pensaria fazer um buraco no seu
camarote com a desculpa de que no seu quarto ele possa fazer o que queira, já
que todos conhecemos as consequências que esse pensamento trairia. “Israel Arebim Ze la Ze”: Todo o
israelita é responsável pelo seu próximo e não apenas pelo seu próximo como
também pelo mundo inteiro.