“Tornastes-vos demasiado arrogantes...” (Bamidbar
16:3)
Disse Rabi Elazar Hakapá no Perek: Três coisas tiram a pessoa deste mundo:
a inveja, o desejo e a honra, três qualidades humanas que
quando mal controladas, podem converter-se no seu pior inimigo.
A inveja. Trata-se de
uma das condições humanas mais criticadas pela Torá, até ao ponto chegar a
especificar nos mandamentos: “Não desejarás a mulher do teu próximo, não
desejarás a casa do teu próximo...A inveja chega a tal nível que distorce a
verdade, como o expressam os nossos Sábios: “Água roubada é doce”. Ainda que ambas procedem da mesma
fonte, a inveja produz um sabor diferente. A inveja, o anelo, pelas coisas, foi considerada ao mesmo
nível que o assassinato ou o rapto, já que todos provêm da mesma fonte: negam a
Hasgalá Divina na qual o Todopoderoso controla e dirige toda a sua Criação,
pelo que um reinado não pode apoderar-se de outro, senão é pelo Seu
ditame. Essa verdade pela qual o
que não nos pertence não deverá ser nosso, pois esse é o Seu desejo, levará a
pessoa a desfrutar dos seus bens, ao que disseram os nossos Sábios: “Quem é
rico? Aquele que é feliz com o que
tem”.
O desejo. O
Todopoderoso incluiu na nossa natureza o desejo ou o prazer como incentivo para
as nossas necessidades, se não fosse pela fome, “qual era o bebé que se
esforçaria por mamar?, se não fosse pela sede “quantas vezes nos esforçaríamos
por beber? O defeito começou
quando o ser humano sobrepôs o prazer à necessidade, como ser, os sabores
trouxeram a obesidade e assim a imaginação converteu-se no catalizador dos
prazeres.
Moshé Rabeinu termina com as últimas palavras da Torá na Parashá Haazinu,
depois de nos recordar todas as bondades que o Tododpoderoso fará ao Seu povo,
adverte Yeoshua acerca do comportamento que terá o Povo como resposta,
dizendo-lhe:”E se engrandecerá Yeshurun (o Povo de Israel) e se revelará”. O defeito não se encontra na combinação
desejo-necessidade, senão na falta de limites: tudo o que foi criado, foi por
necessidade, isto é, os sabores trouxeram a obesidade e assim a imaginação
converteu-se no catalizador da necessidade.
A honra. A única condição sobre a qual nos advertiram os nossos
Sábios de nos afastarmos dela ao extremo: Sê muito, muito humilde, pois a esperança
de todo o ser vivo é o verme.
Assim disse Akiva Ben Mechalalel: presta atenção em três coisas para que
nunca cometas erros.: de onde vens, para onde vais e perante Quem darás contas. A maravilha da natureza é a razão para
aceitar que é impossível a não existência de uma causa daquilo que foi
criado. O homem procurou acreditar
na causalidade como religião para libertar-se da responsabilidade mas ao
recordar a diferença entre casualidade e causalidade, que apenas mudam a ordem
de duas vogais, dar-nos-emos conta de quão fácil é o erro, assim como um
vestuário apenas pode ser confeccionado por um alfaiate, nenhuma casualidade
explicaria a sua confecção, quanto mais a maravilhosa reprodução do ser mais
ínfimo da natureza, nos demonstraria o mesmo.
Korach Ben Kehat Ben Levy, membro de uma das famílias mais importantes do
Povo de Israel, entre os levitas, recebeu as obrigações mais importantes:
inclusive chegou a transcender na história do nosso povo como símbolo de
riqueza. Rico como Korach! Na verdade não foi Korach o
único homem que pelos seus sonhos de grandeza e poder perderam a sua vida. Rashi comenta-nos até onde pode chegar
a influência social e a vizinhança e os nossos Sábios perguntam: que procuram
os 250 representantes da tribo de Reuben, que se uniram a Korach para criticar
a nomeação de Aaron como Sumo-sacerdote, que benefício tinham da dita
discussão, acaso não estavam de acordo que de nenhuma maneira podiam ser
sacerdotes já que pertenciam à tribo de Levi?
Essa é a força da inveja que cega as pessoas e não deixa que elas vejam a
realidade das coisas.