“E ao cabo de
dois anos o Faraó sonhou...” (Bereshit 41:1)
Nesta parashá começa a história
do nosso povo no Egipto e com ela, mais tarde, a sua saída, relato que nos tem
acompanhado ao longo de nossa existência.
Os sonhos do Faraó não foram
somente a oportunidade para que Yosef se desse a conhecer, senão a fonte de
nosso entendimento no que diz respeito a um tema tão complexo e interessante,
como a explicação dos sonhos. A
afirmação do Faraó : “E disse o Faraó a Yosef: sonhei e não há quem me decifre
o mesmo e ouvi dizer que tu escutas um sonho e o interpretas”, ao que lhe
respondeu Yosef: “Excepto Ele, responderá à paz do Faraó”.
Yosef que tem a oportunidade de
salvar-se da prisão e de conseguir a sua liberdade, não esquece a verdade e o
reconhecimento de que a sua fonte é Ele, o Todopoderoso. Yosef que foi criticado por nossos
Sábios quando após ter decifrado o sonho dos copeiros do Faraó lhe roga ao mesmo que, uma vez que volte ao seu
posto a servir o Faraó, não se esqueça dele e lhe peça para que o liberte uma
vez que nada fez para ser castigado.
A este respeito disseram os nossos Sábios que, por essa petição foi
Yosef castigado por mais dois anos de prisão. Em que falhou Yosef?
Em ter colocado a sua
confiança no ser humano em vez do
Todopoderoso!. Por acaso não fez o mesmo seu pai Yaacov quando
voltou da Terra de Israel e se encontrou com Esav? Yaacov não se esqueceu depois de todos os seus esforços e
preparativos, a reza! Yaacov confiou unicamente no seu esforço: assim nos
devemos sentir nós em todo o momento e perante qualquer situação, como está
escrito na Torá:”Verapó Yerapé”, “E curar curará”, de onde aprendemos que foi
permitido ao médico curar. Como
devemos entender esta insinuação: foi dada autorização ao médico curar? Acaso não temos esclarecida a obrigação
de salvar toda a pessoa que esteja em perigo? Não está por acaso claro que o próprio preceito por excelência
de Shabat se anula perante um perigo?
Senão que devemos recordar a todo e qualquer momento que estamos
obrigados a fazer o máximo esforço para alcançar as nossas metas, e de que modo algum devemos esquecer que tudo
depende da decisão Celestial, como afirma o Talmude que ainda que “o homem goze
da liberdade de escolha e de que
aí radica toda a sua responsabilidade, não há quem mova um só dedo neste
mundo se não lho permitem desde os Céus”.
“E a Yosef lhe nasceram dois
filos antes de que começassem os anos de fome”. Comentaram os nossos Sábios que Yosef não manteve sua vida
matrimonial durante os sete anos de seca.
Que comportamento tão exemplar o de Yosef, não apenas por não tornar
pública a sua vida de prazer enquanto o povo sofre, senão no mais íntimo, na
sua própria vida matrimonial. Que
exemplo para nós dirigentes e políticos!
Seguramente que a Yosef não lhe faltava pão para comer. A Torá nos comenta como enviou a seus
irmãos e como os manteve depois no Egipto; seguramente que não lhes faltou
nenhuma necessidade, senão que Yosef, tal como Moshé e outros grandes
dirigentes saíam para ver as necessidades do seu povo, não se fechavam nos seus
palácios de marfim, senão que viviam e sentiam as necessidades da sua
gente. Que difícil é ter e ao
mesmo tempo sentir longe a necessidade que sempre se pode remediar! E disse Rabi Akiva àquele gentio que
lhe perguntou sobre o porquê da necessidade dos pobres, ao que lhe respondeu
Rabi Akiva: “Mais difícil é a prova do rico que a do pobre”. Assim mesmo disse Yaacov a seus filos:
“Lama Titraau”, “Porque se olham”, ao que explicaram nossos Sábios que Yaacov
criticou seus porque demonstravam em público que tinham bens, enquanto o povo
sofria fome.
O sentimento pelo próximo, a
participação nas suas necesidades dentro das nossas limitações, são parte de
nossas obrigações básicas com aqueles que nos rodeiam.