A Torá desde Jerusalém
Parashá Vayeshev
Comentário
sobre a Parashá
“E Yaacov
habitou...” (Bereshit 37:1)
“E Yaacov habitou na terra de seus pais, na terra de
Canaã. Estas são as descendências
de Yaacov, Yosef de dezassete anos apascentava com os seus irmãos o rebanho “e
o jovem” com os filhos de Bilá e com os filhos de Zilpá mulheres do seu
pai. Yosef levava as más falas a
seu pai. E Israel amava Yosef mais
que todos os seus filhos, pois era filho da sua velhice e fez-lhe uma túnica passim
(fina). E viram os seus irmãos que
o seu pai amava-o mais que a todos e por isso odiaram-no e não puderam falar
com ele pacificamente”.
A Torá apresenta quatro
parágrafos que marcam toda a história do nosso povo. “E Yosef levava as más falas a seu pai”. Não acreditamos que Yosef e muito menos
Yaacov não conheciam a proibição de falar mal de alguém e muito menos dos seus
filhos. Quem queria ouvir
cochichos acerca dos seus filhos?
Certamente Yaacov desejava saber sobre o bem dos seus filhos, para,
naquilo que lhes fosse possível, corrigi-los, mas não nos podemos esquecer os
resultados: o ódio entre os irmãos!
E como consequência do seu ódio, Yaacov pôde ter suspeitado de algo tão
inocente como foi ter escutado o seu filho?
O Shulkhan Arukh determinou: são
três os que incorrem no erro da fala: o que fala, o que escuta e de quem se
fala. Sobre o que fala e o que
escuta, as suas culpas são entendidas.
Mas que culpa tem a vítima sobre de quem se fala? Até ao nível mais puro do bom
comportamento da pessoa, esta está obrigada pela sua responsabilidade para com
o próximo: “Israel Arebim Ze la Ze (Israel com responsabilidades, uns
para com os outros). Assim viram
os nossos Sábios a realidade do nosso povo e em geral a do mundo inteiro, como
a de um barco que navega sobre as tumultuosas águas do oceano da vida, à qual
os factos de cada passageiro, encerrado no seu camarote de vida, involucra
resultados transcendentes para os demais passageiros, como aquele que tenta
justificar o seu desejo de furar a parede do seu camarote como o “direito
básico à sua liberdade de acção”, ainda que o seu comportamento conduza toda a
tripulação ao naufrágio. Mas estou
no meu direito!.
O desejo pessoal tem que estar
dentro dos limites do direito comum, de facto é esse o eu direito.
E Israel amava Yosef mais que
todos os seus filhos, pois ele foi o filho da sua velhice e fez-lhe uma túnica passim
(fina). Disseram os nossos Sábios:
A pessoa não deve fazer diferença entre os seus filhos, pois pela diferença de
uma túnica fina, chegaram os nossos pais à escravidão do Egipto. É claro que todos os filhos de Yaacov
receberam túnicas mas Yosef recebeu uma túnica fina, uma ligeira diferença,
talvez sem importância mas foi o suficiente para marcar a história: “...e
odiaram-no e não puderam falar com ele pacificamente. ”Não cremos que os filhos de Yaacov eram simples gente da
rua, pois adverte-nos Rashi sobre as condições das quais dispunham, quando nos
indica: entre os defeitos mostram-se as suas condições:”...e odiaram-no e não
puderam falar com ele pacificamente”.
Estavam longe de praticar falsidade, não podiam esconder o seu
desagrado, não sabiam fingir e é por isso que quando reconhecem o erro, o seu
arrependimento foi imediato e sincero, ao ponto de colocar as suas vidas em
perigo por encontrar e resgatar Yosef.
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