Torá desde Jerusalem
Parashá Vayetzé
“E sonhou e está aqui uma escada...” (Bereshit 28:12)
“E sonhou com uma escada assente
na terra que terminava nos céus e havia anjos celestiais que subiam e desciam
por ela. A escada do sonho de
Yaacov se converteu ao longo da história num símbolo na relação entre o terreno
e o espiritual, assim como o conceito de “sono” como meio para a mensagem
Divina, como disseram os nossos Sábios: “Não há sonho sem profeta e não há
sonho sem tolice”. Assim advertiu
Hashem a Yaacov sobre o que lhe aconteceria, como a promessa da descendência e
bem estar.
Não nos podemos esquecer que
todo o sonho tem uma componente de profecia como também não há sonho sem tolice
e aqui actua o subconsciente como a memória de um computador, armazena todos os
dados, fotos e conceitos recebidos durante o dia e à noite o sonho relaciona um
acontecimento com outro sem qualquer lógica, pelo que, como exemplo, podíamos
sonhar com a avozinha montada a cavalo.
Entretanto é impossível nessa
participação do subconsciente, sonhar o inexistente e assim diz o Talmud: “A pessoa não sonha de noite senão o que viu durante o
dia”, e este é o motivo pelo qual a Halakhá nos considera responsáveis pelos
nossos sonhos.
Anos mais tarde Yosef comentava
os seus sonhos ao Faraó e vemos que as suas explicações têm uma razão lógica;
as sete vacas e as sete espigas, sete anos são e a repetição do sonho, é a
demonstração de que essa profecia estava próximo a cumprir-se, como também
encontramos nos sonhos do padeiro e do copeiro, que, como explicou Yosef, assim
aconteceram.
Através do relato da Torá podemos captar o conceito pagão
determinista de que a “sorte” está fixada de antemão e nada poderá ir contra
ela, pelo que consultam os pseudo futuristas e novas bruxas para que lhes leiam
as mãos e quem saberá que mais.
Temos que ter bem claro o conceito da Torá, que ainda que exista uma
inclinação e influência de todos os valores que nos rodeiam ou que parte do
nosso ser, componentes como a família, educação, idade, cultura, certamente que
todos eles são de vital importância.
Mas conceitos como a data de nascimento e situação do horóscopo são
menos aceites. A Torá mostra-nos a
influência de todos os factores mas a decisão da pessoa é que determina os
acontecimentos. Na independência das nossas decisões encontra-se a
responsabilidade dos nossos actos.
De entre os factores que
influenciam a nossa personalidade encontra-se “o nome”. A
Torá relatou-nos na parashá Bereshit, sobre o nome de Adam e Chavá de adamá (terra) e Chavá (procriar). Comenta-nos a passagem de quando o
criador trouxe todos os animais e aves perante Adam para que lhes desse um nome
e a própria Torá confirma-nos que todos os nomes que lhes pôs, foram correctos. Adam não pegou num livro de novelas
para abrir uma página e colocar a primeira palavra da mesma senão que Adam
conhecia muito bem a importância dos nomes e a influência dos mesmos sobre o
carácter de cada espécie e sendo que os animais que foram atraídos perante os
progenitores de toda a fauna do universo sobre as gerações, sabia que estava a
fixar a natureza pelas gerações adiante.
Assim encontramos como foram
nomeados todos os personagens da Torá: Noach: descanso; Avraham: ab ram, pai
elevado; Sará: princesa; Itzchak: riso; Esav: feito, terminado; Yaacov: reter;
Israel: lutaste; Reúben: reu ben, vejam que filho... Assim acontece com uma longa lista de nomes que a Torá
especifica o seu significado e razão de existência.
Dados tão simples como os nomes
dos personagens, data de nascimento, lugar, os aspectos mais íntimos e de maior
contacto como profissão, amizades, etc, exercem influência sobre nós mas não
nos podemos esquecer que depois de tudo e dessas condições, somos nós que
tomamos as nossas próprias decisões e portanto somos responsáveis pelos nossos
actos.
Shabat Shalom
Rab. Shlomó Wahnón
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